Hoje estarei em Porto Alegre, reencontrando meus amigos, meus familiares e esta terra tão aconchegante e encantadora que acolhe tão bem esse laboratório de reflexões práticas que é o Forum Social Mundial. Portanto, estarei meio desantenado do blog... Até breve.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2005
quarta-feira, 26 de janeiro de 2005
Desarrumando as malas II ou O último mico
Mais do que arrumar, o bom mesmo é desarrumar as malas: signo de reencontro, retomada de projetos, mudança de etapa. O negócio é quando as malas me desarrumam… E eu viro uma mala, sem alça, pedindo, encarecidamente, que os outros me ajudem a desembarcar no Brasil. Ainda não estou completo. Uma parte de mim ainda desembarca em Porto Alegre e outra em Sampa, próxima semana. Que mico!
Dessa vez foi Fernanda Porto
Engraçado como são as coisas. Por conta do grande cansaço e da rapidez com que tudo aconteceu, só me dei conta de que estava voltando quando, dentro do avião, assisti ao clip da Fernanda Porto (Sambassim), uma referência brasileira que não tinha encontrado em Portugal. Uma simples canção sinalizou a volta. E não me contive.
A alegria de não partir
Tenho que dizer: o registro da minha festa de despedida não me sai da cabeça. A imagem, a fotografia, o movimento e o som estão em minha memória, em meu corpo, em minha alma. O motivo da festa era, paradoxalmente, contrastada pela minha abundante alegria por ver todos (ou quase todos!) aqueles que de alguma forma amei. Os amigos de farra, de casa, de pesquisa, de militância, do Brasil, estavam todos. Alguns vieram de longe, viajaram para lá estar. Outros, mesmo ausentes, estavam de alguma maneira… E as partidas nunca são partidas quando estas coisas acontecem… E viajei com essa imagem. E viajei com essa lembrança. E não estava só.
terça-feira, 25 de janeiro de 2005
Esperem só um pouquinho mais
Amigos das bandas d'além mar, juro por tudo quanto é santo dessa vida severina, por tudo que é sagrado no céu e na terra, que essa semana faço posts acerca da viagem e de como estou. Esperem só mais um pouquinho...
Mas só uma pontinha daquilo que vem: acertou quem disse que, mesmo longe, os micos continuariam...
Cenas do próximo capítulo.
Mas só uma pontinha daquilo que vem: acertou quem disse que, mesmo longe, os micos continuariam...
Cenas do próximo capítulo.
Mantra da viagem de volta
Apesar das ruínas e da morte
Onde sempre acabou cada ilusão
A força dos meus sonhos é tão forte
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca minhas mãos ficam vazias
(Sophia de Mello Breyner)
Onde sempre acabou cada ilusão
A força dos meus sonhos é tão forte
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca minhas mãos ficam vazias
(Sophia de Mello Breyner)
sexta-feira, 21 de janeiro de 2005
Agora é verdade...
Vocês não sabem, mas estou muito feliz...
Sempre que isso acontece "me pego cantando sem mais, nem porquê". E assim foi durante toda a semana. Hoje estava no autocarro e recordei vários sambinhas da década de 30 e 40: Noel Rosa, Lupcínio Rodrigues, Erivelton Martins, Mário Lago...
No final, cantava Chico também (samba e amor, 1969). Com essa companhia toda, não tem alma que não fique leve...
Sempre que isso acontece "me pego cantando sem mais, nem porquê". E assim foi durante toda a semana. Hoje estava no autocarro e recordei vários sambinhas da década de 30 e 40: Noel Rosa, Lupcínio Rodrigues, Erivelton Martins, Mário Lago...
No final, cantava Chico também (samba e amor, 1969). Com essa companhia toda, não tem alma que não fique leve...
quinta-feira, 20 de janeiro de 2005
Eu e Coimbra
Amanhã é um dia especialmente forte, motivo pelo qual quero aproveitá-lo ao máximo. Devo acordar cedo (pasmem!) e - ainda com o badalar dos sinos da Igreja dos Olivais – percorrer as ruas de Coimbra: os lugares mais tocantes, mais belos, mais inspiradores… Quero ver seus muros, cores, andar por suas ladeiras e tocar, suavemente, o Mondego. Um dia pra não esquecer. Um dia pra agradecer e sentir a pulsação de Coimbra. Dessa vez, sozinho, em oração. Eu e a cidade.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2005
Rearrumando as malas
Minha avó (de novo!) falava a toda a gente – no auge de seus 90 anos – que tinha viajado vários lugares do mundo. A mim, especialmente, contava suas travessuras no Japão, suas conversas com o Papa em Roma e todas as pessoas que tinha conhecido na Argentina. Se considerava, com orgulho, uma verdadeira cigana. Fantasias de alguém que, apesar de não ter tido condições de viajar, viveu sua vida com toda a intensidade. Nessas horas é impossível não lembrá-la...
Desarrumando a malas
Tenho a impressão – e fico feliz por isso – que levo o mundo nas minhas malas. Um ano inteiro de: amores perdidos, amizades sinceras, alegrias coletivas, sensibilidades partilhadas, comidas e paisagens novas, festas inusitadas, encontros… Ai, os encontros… Aqui encontrei novos amigos, outras formas de ver e compreender o mundo. Tudo isso que, apesar de ser novo, já me era tão familiar… Importante foi, especialmente, o encontro comigo mesmo, com minha memória, história, jeito. Certamente, serei outro quando voltar ao Brasil. Aliás, já o sou.
Arrumando as malas
Começo a arrumar as malas. Já não lembrava o quanto é chato e difícil fazer isso. Roupas pra lá, livros pra cá. Nada cabe. Vem o desespero… E tento ficar calmo. E os presentes, onde colocar? E os vinhos e livros que comprei? É tanta coisa! Já não existe espaço… E lembro de minha avó, cantando com sua voz serena um de seus cantores preferidos – Luís Gonzaga. Era mais ou menos assim: “quando vim do sertão seu moço do meu bodocó, a maleta era um saco e o cadeado era um nó (...)”. Parece que ela acaba de me dizer que as coisas podem ser bem mais simples. E eu acato sua sugestão, com respeito e amor…
De volta
Depois de uns dias de folga, cá estou novamente, ainda aprendendo a trabalhar no blog. E confesso que a correria da viagem está grande. E compro presentes e termino o relatório e devolvo cds na Casa da Cultura e fecho a conta no banco e fecho a conta do telemóvel e fecho a conta do seguro-saúde e fecho um ciclo. Assim mesmo, nessa velocidade, sem muitas vírgulas. Quando chegar ao avião acho que vou me sentir como se estivesse fechado pra balanço, em suspenso, literalmente…
quinta-feira, 13 de janeiro de 2005
Quando é preciso mudar o discurso
Vocês já notaram que o sentimento de perda tem sido, até então, a marca da maioria dos posts neste blog… Me perdoem ficar expressando e partilhando esse sentimento com vocês a todo instante. Tem hora que deve ser cansativo ficar lendo mais do mesmo. Assumo. Mas as despedidas são sempre assim, tem o seu ritual. E se até Vinícius entrava na lógica de que “pra fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza, senão não se faz um samba não”, advogo também o direito de fazer o mesmo. Logo passa. E tenham a certeza de que o discurso está começando a mudar: já estou pensando no Carnaval. Eita coisa danada de boa!!!
quarta-feira, 12 de janeiro de 2005
Próxima parada: sampa
“Alguma coisa acontece no meu coração/que só quando eu cruzo a Ipiranga e a Avenida São João/ é que quando eu cheguei por aqui, eu nada entendia/da dura poesia concreta de tuas esquinas/da deselegância discreta de tuas meninas/Ainda não havia para mim Rita Lee e a tua mais completa tradução/Alguma coisa acontece no meu coração/que só quando eu cruzo a Ipiranga e a Avenida São João” (Sampa – Caetano).
Com os versos de Caetano, começo a ficar mais feliz pelo fato de, em breve, poder estar, novamente, nesta grandiosa e fantástica cidade que é São Paulo. Poder sair de casa e passear a pé pelos bairros de Perdizes, Barra Funda, Santa Cecília e Consolação, até chegar ao Vale do Anhangabaú, no centro, é uma das coisas boas que esta cidade me proporciona e que mais adoro fazer. Poder ver as pessoas num domingo de sol, passeando de bicicleta ou assistindo grupos de teatro popular que atuam ao ar livre nesse trajeto, é melhor ainda. Além disso, vou poder curtir de perto as peças dirigidas pelo Zé Celso – para mim, o maior diretor de teatro do Brasil – no Teatro Oficina. Aliás, acho que o Zé Celso merece um post exclusivo. São Paulo – como o Rio – é cidade síntese do Brasil. E ainda chego a tempo para comemorar os seus 451 anos.
Com os versos de Caetano, começo a ficar mais feliz pelo fato de, em breve, poder estar, novamente, nesta grandiosa e fantástica cidade que é São Paulo. Poder sair de casa e passear a pé pelos bairros de Perdizes, Barra Funda, Santa Cecília e Consolação, até chegar ao Vale do Anhangabaú, no centro, é uma das coisas boas que esta cidade me proporciona e que mais adoro fazer. Poder ver as pessoas num domingo de sol, passeando de bicicleta ou assistindo grupos de teatro popular que atuam ao ar livre nesse trajeto, é melhor ainda. Além disso, vou poder curtir de perto as peças dirigidas pelo Zé Celso – para mim, o maior diretor de teatro do Brasil – no Teatro Oficina. Aliás, acho que o Zé Celso merece um post exclusivo. São Paulo – como o Rio – é cidade síntese do Brasil. E ainda chego a tempo para comemorar os seus 451 anos.
terça-feira, 11 de janeiro de 2005
Quando as malas não são um problema
Hoje troquei e-mail com um grande amigo de São Paulo. Perguntava-me quando voltaria e se precisava de alguma ajuda no aeroporto, na hora da chegada. Disse-me que estava à disposição, pois muitas são as malas e grande é o peso. Agradeci e respondi que, quanto às malas não precisava ajudar, me arranjava; na verdade, elas não eram nenhum problema. Quanto a mim…
Quando o bilhete é dispensável
Tudo mentira: não consegui desligar o telemóvel e dei o bendito endereço (Rua Luís de Camões, 68 [nome e ano sugestivos]). Seria demais para um sujeito que leva tão à risca seus compromissos. Mas no final, quando já me despedia cordialmente do agente, ele me dá outra alternativa: um bilhete eletrônico. Já não precisava mais enviar o bilhete para casa. Bastava eu mostrar o passaporte na hora do check-in. Porque tenho a impressão de que os deuses querem mesmo que eu vá embora?
Quando o telemóvel é dispensável
Ontem recebi um telefonema. Um agente da VARIG. Pedia um endereço para enviar o bilhete do avião: trajeto Lisboa – São Paulo. Que vontade danada de jogar o telemóvel no chão! Depois pensei o quão regressivo seria tal comportamento. Então, desliguei-o…
domingo, 9 de janeiro de 2005
Coisas de domingo
Hoje foi dia de quase descanso: dormir até tarde, lavar a roupa, limpar a casa, tentativa de arrumar o quarto, colher umas laranjas no quintal, ver o fim de tarde. Coisas que a gente só consegue fazer no domingo. Tenho a impressão de que não fazia isso há algum tempo. Eita cotidiano bom. Já estava com saudades disso tudo.
sábado, 8 de janeiro de 2005
Coimbra tem mais encanto na hora da despedida?
No frio e na tranquilidade de Coimbra, já sinto a saudade dos meus. Já tenho saudades dos abraços, dos sorrisos, vozes e jeitos… de cada um. E tenho uma imensa saudade do futuro; daquilo que poderia ser se aqui estivesse… E apesar de já estar ansioso em voltar ao Brasil para contar minhas novidades, aquilo que vi, aprendi e aqui senti, confesso que sinto, lá no fundo, uma pontinha de tristeza por faltar tão pouco para me despedir desta cidade, dos amigos. Esta experiência indescritível, cheia de bons momentos e descobertas, começa a fechar seu ciclo. E já começo a me despedir: das ruas, das casas, dos sons, dos sabores, dos ritmos, imagens e cores ainda tão impregnados no meu corpo. E me despeço e me desfaço daqueles que aqui tão bem me receberam, daqueles que sem me conhecer, me aconchegaram e deram sua generosa amizade e seu gratuito amor. Estarão sempre comigo, em meu corpo memorioso.
Esse blog nasce dessa experiência. É uma maneira de continuar o contato de modo mais cotidiano e intenso. Vamos ver no que vai dar...
Esse blog nasce dessa experiência. É uma maneira de continuar o contato de modo mais cotidiano e intenso. Vamos ver no que vai dar...
Assinar:
Postagens (Atom)