sábado, 26 de novembro de 2005

Cotidiano

Acordei cansado. Engraçado, sempre que durmo na rede da sala acordo assim, meio desequilibrado, tonto e dolorido. E no entanto, adoro passar as noites de chuva ali: eu, um cd e um livro. Sempre! O cd? Ah, o cd... Ouvi Jacques Brel, repetidas vezes. Ele tem sido meu parceiro fiel nas madrugadas de escrita; tem me ajudado na travessia, às vezes, longa. E ele tem me oportunizado uns surtos maravilhosos, daqueles de fechar a porta do quarto, colocar "La valse à mille temps" e começar a - sozinho - dançar aquela belíssima valsa que começa serena e termina como uma canção de Ian Curtis, como se ele estivesse ali de alguma forma. E volto a escrever com alegria! O livro: "Raíz de orvalho e outros poemas" de Mia Couto, ganho em dezembro do ano passado por conta de meu aniversário e já em tons de despedida (beijos pra ti Madalena). E essas prendas - como chamam meus amigos portugueses - são afagos na pele, no corpo (desequilibrado, tonto e dolorido, lembram?). E Mia Couto é uma bela surpresa aos meus olhos: me inspira, me faz rir, me consola, pega na minha mão e me leva pra passear. Em especial, a poesia "Raiz de orvalho", serviu-me como um band-aid, atenuando arranhões de uma pequena queda. E numa noite longa e cheia de lembranças, a li como um mantra, repetidas vezes, até adormecer. Tenho dito! E lembrando Vinícius (ah poetinha romanticamente libertário): Saravá!

Um comentário:

Anônimo disse...

Por que Barra Funda é tão longe e isso tudo - rede, cds, livros, mia couto e valsas sobre/com o tempo - parece tão absurdamente perto? saudade gigante, marquinhos. nem dá pra dizer!