sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Jazz and Blues







Meu amor pelo Jazz e Blues americanos tem aumentado despudoradamente. A América neste sentido é fantástica. Tenho ouvido, frequentemente, Billie Holiday, Nina Simone e Sarah Vaughan. Insistentemente. E aqui, isto significa dizer dias a fio, sem mudar a estação, deixando a alma leve e alegre, sem a marca das preocupações ou angústias que sempre rondam à nossa volta. E me reporto à figura de Sr. Antoine, um dos personagens de Sartre em seu livro "A náusea", quando, em um dos cafés que frequentemente passa as noites, pede para que ponham no gramofone a música "Some of these days". E de como aquilo bastava para que a náusea que sentia, a solidão, a rotina, a melancolia, o mal-estar (ah velho Freud!) desaparecesse. É uma cena tão linda! Vale a pena citar...

"Mais uns segundos, e a preta começará a cantar. Parece-me isso inevitável, tão forte é a necessidade desta música: nada pode interrompê-la, nada deste tempo em que o mundo se afundou; a música cessará por si própria, no momento preciso. Se gosto desta bela voz, é sobretudo por isso: não é pelo seu volume, nem pela sua tristeza, é que ela é o acontecimento que tantas notas prepararam, de tão longe, morrendo para que ele nascesse. E,todavia, estou inquieto; bastaria tão pouca coisa para fazer parar o disco: uma peça que se quebrasse, um capricho de Adolphe. Como é estranho, como é comovedor que esta insensibilidade seja tão frágil! Nada pode interrompê-la e tudo pode quebrá-la. Extinguiu-se o último acorde. No curto silêncio que segue, sinto intensamente uma mudança, sinto que alguma coisa aconteceu. Silêncio.

Some of these days
Youll miss me honey

O que acaba de suceder é que a náusea desapareceu".

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