quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Se não pode vencer, junte-se a ele...


Confesso que acho ultrapassada a fórmula dos festivais de música para conceber novos talentos. E tudo o mais realizado nesse sentido se faz carregada de uma grande nostalgia e melancolia, sempre lembrando a experência dos festivais anteriores (alguns míticos) que revelaram e consagraram nomes como Chico, Caetano, Gil, Gal, Tom Zé e, já bem depois, Tetê Espíndola. Grandes nomes que - definitivamente - surgiriam com festival ou não. Considero mesmo um erro, com toda a diversidade musical e experimental que surge em todos os cantos do país, tentar dar visibilidade aos novos cantores e compositores através de uma experiência tão formatada, engessada e datada. E aqui venho falar do Festival da Cultura que se diz portador da "Nova Música do Brasil". E aqui nem quero criticar esta pretensão. Não merece. Nem vale a pena. O curioso que olhando o festival todos percebem que a "nova música do Brasil" é bem velha. Nada muito original no front e muita cópia mal feita de músicos e estilos consagrados. Mais engraçado é perceber que tem gente que participa de festival desde os anos 60. Bem, se fossem bons já teriam aparecido de alguma forma. Se a "nova música" for essa, estamos fritos. Mas estamos salvos. Tem muita gente boa fazendo coisas originalíssimas e que estão realizando e criando coisas fora destes espaços. Mas não quero ser injusto. Das 48 músicas, temos umas 10 muito boas. Hoje, na primeira semi-final, 5 tinham muita qualidade (Contabilidade, Achou, Lama, Sai da Cruz e Hotel Maravilhoso). Mas aqui quero realçar "Contabilidade" de Danilo Moraes e Ricardo Taperman, "Lama" de Douglas Germano (interpretada por Adriana Moreira)e "Achou" de Dante Ozetti e Luis Tatit (interpretada por Ceumar). Definitivamente, são excelentes. A primeira, por ter uma belíssima letra, mas principalmente, por ter originalidade musical. É desconcertante, de ritmo quebrado, não compassado, o que muito me atrai. A segunda, por ser um bom samba, honrando a tradição, que lembra os grandes tempos de Clara Nunes. A terceira, por ser uma música alegre, que dá vontade de dançar, pra cima. E demos os créditos: a família Ozetti e Tatit esbanjam talento. E a interpretação de Ceumar é uma coisa! Parece que a música foi feita pra ela. Fica o meu voto pra estas duas. E aí sugiro que ouçam. Clicando no nome de cada uma delas vocês entrarão na página onde tem os vídeos de cada interpretação. É esperar pra ver...

2 comentários:

Anônimo disse...

Fiquei muito decepcionada com o resultado da 1ª semifinal do festival da cultura, que ousaram chamar de a"NOVA MÚSICA DO BRASIL "
Alguém poderia me dizer onde está a novidade?
Eu posso!!!
Está na letra e música " SAI DA CRUZ ", que infelizmente foi mal interpretada pelo júri que se dizem conhecedores do assunto.
O cantor e compositor Élio Camalle, teve a coragem e ousadia de dizer e interpretar o que a maioria dos brasileiros pensam e sentem, assistindo televisão, ouvindo rádio ou lendo jornal.
Um festival que têm como jurados pessoas hipócritas e desinformadas como este que vimos no dia 31 não poderia dar em outra coisa mesmo.Sendo assim, nossa MPB continuará sendo enterrada por nossos jovens, dando cada vez mais espaço para as músicas estrangeiras que crescem de tal maneira que brevemente só restaram elas.
Márcia.

Anônimo disse...

Olá Marcos!
Quero lhe agradecer pelo destaque a minha música. Acho perfeita a tua opinião sobre o "A Nova música do Brasil" Entendo que estamos em um período de experimentalismos e que a nova música que a cultura gostaria de descobrir já vem sendo feita pelos chamados novos da MPB. Ainda não se solidificou como forma, posto que a forma é não ter forma, mas isso deverá acontecer em breve. No Brasil, muita coisa consistente foi criada em muito pouco tempo. Eu particularmente entendo que estão querendo enterrar vivos alguns elementos da música brasileira que sequer se esgotaram ou foram compreendidos completamente.Quero lhe dizer que me sinto honrado com teu elogio. Muito obrigado muito sinceramente. O que eu faço tem muita verdade e não sou um franco atirador. Tenho as gavetas cheias de música. Aliás, também estou apreensivo sobre os desdobramentos deste festival. Também não acho que acontecerá comigo, por exemplo, o que aconteceu às figuras que você citou, em função do festival. Mesmo sabendo que na pior das hipóteses serei o 12º colocado, ao passo que "Eu e a Brisa" de Johny Alf, ficou na 36º colocação.
Olha, muito obrigado mesmo e um grande abraço,